Recebi por e-mail ainda há pouco e não resisto a publicar neste blog fadista, para memória futura e divulgação.
Para quem acha que o Fado é apenas o "choradinho", aqui tem um bom exemplo do fado humorístico, como outrora se chamava, mesclado de fado de "intervenção". Muito divertido! Mas esperava que antes estivesse "tudo fo..."
Parabéns aos que tão bem souberam reescrever e interpretar estes fados tradicionais.
Para além do Fado Daniel, a que já aqui me referi, Daniel Gouveia é o inspirado autor/compositor de um outro fado que igualmente muito aprecio e cujo tema, como ele próprio afirma, não podia ser mais actual, o Fado da Internet. A letra é deliciosa e casa lindamente com a música. O 4FadoLisbon teve a belíssima ideia de registar este fado na interpretação do seu criador que, em breve introdução, nos dá conta dessa "brincadeira" que resultou nesta obra muito bem acabada.
Foi na voz de Carlos Zel que ouvi pela primeira vez este fado e desconheço se algum outro/a fadista o gravou, mas, ah!, se eu soubesse cantar, não o dispensaria no meu repertório.
Parabéns, Daniel!
Noites mortas, mas com muita vida!...
Fado e petiscos ao Domingo, na Bela. Mnham, mnham!... Que associação mais deliciosa. Demais, canta o Helder, o Moutinho... e pode encontrar-se por lá o tio Helder, fadista de primeira água, que sabe escutar e cantar ao fado, frequentador assíduo das "capelinhas", um verdadeiro connaisseur! Estranho é que, pela primeira vez, tenha sido "apanhado" num destes vídeos (dos que vi, claro); por isso, vai para ele este verbete, em memória de grandes noites de fadistagem no "Nono", com a Bela, o Helder Moutinho e grandes stars da Canção Nacional, entre as quais me permito destacar a nossa querida e saudosa Berta, a Flora, a Mariana, a Bia, o Barradas, o Alfredo, o casal Casanova... enfim! tantos, que seria impossível nomear todos.
Belos tempos que eu vivi!, diria eu, parafraseando o Farinha, "Belos tempos, quem me dera / voltar à velha unidade / do Retiro da Severa"!...
Beijinhos!
..."É que o Fado é lenitivo
dum coração torturado"...
Uma das mais recentes produções do canal 4FadoLisbon -YouTube - é esta gravação ao vivo, no "A Nini", da prestigiosa fadista Maria da Nazaré, interpretando o fado "Lenitivo", com letra de Fernanda Santos, na música do Fado Cravo, de Alfredo Marceneiro.
Um fado que Maria do Rosário Bettencourt gravou com a música original de Helena Moreira Viana (Fado Lenitivo) e que eu aproveito para lembrar aqui
A pedido de uma certa Florbela, aqui recordo mais um fado interpretado por Frutuoso França, da autoria de Júlio Proença e de Frederico de Brito, três grandes nomes do Fado de outrora, mas de um tempo em que a Mouraria já nem era a d' "O Chico da Mouraria"... Que fará agora!...
Ainda acerca de Quinta-feira da Ascensão, uma tradição que quase se perdeu, mas motivo ainda, como vimos e ouvimos no verbete anterior, para um belíssimo fado, superiormente interpretado por João Chora. Um outro fado, bem mais antigo, que quero lembrar aqui, versa o mesmo tema; tem por título "Tempos de outrora", foi do repertório de Berta Cardoso e a letra é de Fernando Teles; formalmente, consiste numa quadra glosada em quatro décimas, cada uma das quais rematada, sucessivamente, com um dos versos da quadra inicial, sendo a medida do verso o heptassílabo ou verso de redondilha maior, modelo formal então predominante e bem ao gosto da época.
Deste fado, que fazia parte do repertório de Berta Cardoso quando, em 1938, actuava no Retiro da Severa, creio não existir qualquer gravação sua, nem sequer alguma vez a ouvi cantá-lo em público; pertencia já a um repertório muito antigo, pouco ao gosto do público de então, mais habituado ao fado canção e a um fado com letras mais breves, com muito menos estrofes... Talvez por isso, aquando da festa de homenagem a Alfredo Marceneiro, em 1963, Max apenas terá cantado a 1ª das 4 estrofes que compõe o poema; inexplicável continua, porém, sendo, para mim, o motivo pelo qual terá alterado a quadra que dá o mote ?... Seja qual for o motivo, é de tal excelência esta interpretação, que o próprio Fernandes Teles lhe terá, por certo, perdoado a substituição...
Assim é que é, à boa maneira antiga!...
João Chora, excelente!
Como gostava de ter estado no "Nini", nessa noite...
Ainda bem que existe o 4Fado Lisbon que regista para a História estes momentos de genuíno Fado!
Obrigada.
E, já agora, a propósito da 5ª feira de Ascensão no Ribatejo
Embora o som não seja dos melhores, uma interpretação ao vivo é sempre uma mais valia; e encontram-se tão poucas deste fadista!... Dei com esta aqui, no Youtube, onde pode ver mais algumas.
Falta apenas mencionar que este fado tem letra de Maria Manuel Cid e a música é do António Mourão.
Já agora e, atendendo ao que se conta em "Bastidores", será que não há gravações deste e doutros artistas, na RTP Memória, onde nas noites de fado, ao Domingo, passam repetidamente os mesmos programas?!...
Será que aquela gente da espécie do progressista locutor "Alfabetizado" continua por aí a exercer uma certa forma de censura?...
Este fado - Minha Culpa, a que originalmente Gabriel Cardoso deu o mesmo título, mas em latim - "Mea culpa", foi do repertório de Berta Cardoso, como acima se constata; creio que, à semelhança de tantos outros, também não terá gravado este fado, sendo embora do seu repertório, mas, felizmente, outros fadistas o interpretaram e gravaram posteriormente, entre os quais a Mª José Ramos que durante algum tempo integrou o elenco da "Viela", à frente do qual esteve, durante mais de 20 anos, essa grande actriz-cantadeira, uma das catedráticas do fado - Berta Cardoso. Também O Manuel de Almeida gravou este fado, segundo afirma o Rodrigo, mas não tenho essa versão; por isso, aqui fica, no estilo de cada um destes dois fadistas do meu tempo, a lembrança desse fado que eu tive a sorte de ainda ouvir na inigualável interpretação da dramática Berta Cardoso.
Lourenço de Oliveira interpreta, de A. V. da Costa e de N. e Sousa, o fado canção "Da janela do meu quarto", acompanhado por Fontes Rocha, à guitarra, e, à viola, por Pedro Leal e Joel Pina.
Gabriela. 19 anos. Bela, para os amigos; e, de facto... Professora, mas com alma fadista. Do disco que então gravou, acompanhada pelo Conjunto de Guitarras de Jorge Fontes, aqui a relembro no Fado das Horas, com uma letra de Manuel de Andrade, "Tive pena de deixar-te"
E aqui, ao vivo, uns anitos depois, em 1995, no Parque de Palmela
De Fernanda do Carmo, no Fado Freira, Jorge Martinho interpreta "Pátria de Camões", acompanhado à guitarra por Edgar Nogueira e à viola por M. Martins e Lourenço Zara.
(Publicado em 06.08.2011)
E aqui, numa interpretação mais recente, registado pelo 4FadoLisbon, na Casa da Pimenta
Venho hoje lembrar mais um grupo, "Os 3 de Portugal", interpretando "Saudades Novas", uma rapsódia de fados, arranjo de Berta Cardoso, que originalmente se intitulava "Saudades antigas e novas".
Dos três elementos do grupo, apenas tenho notícia de que ainda se encontra entre nós o Pedro Machado, a residir na Casa do Artista. Para ele, votos de saúde e vida e esta pequena homenagem.
Desta vez, é o Trio Guadalajara que aqui recordo interpretando o "Fado das queixas", de José Carlos Rocha e de Joaquim Frederico de Brito.
Com dedicatória para todos os que frequentam esta página de Fado, especialmente, por motivos óbvios, para o fadistíssimo barcelonês Jaume, do blogue de fado. Um bjinho!
Julieta Reis, acompanhada pelo Conjunto de Guitarras de Jorge Fontes, interpreta, "nunca fugindo às leis do Fado", esta composição da autoria de Álvaro Duarte Simões, que estabelece uma feliz comparação entre a Mulher e a guitarra
"Uma mulher é como uma guitarra
Não é qualquer que a abraça e faz vibrar
Mas quem souber o modo como a agarra
Prende-lhe a alma nas mãos que a sabem tocar;
Por tal razão se engana facilmente
Um coração que queira ser feliz
Guitarra triste que busca um confidente
Nas mãos de quem não sente o pranto que ela diz"
Um verbete de 25.Out.2012 que hoje republico, a assinalar a edição, na próxima semana, do álbum "Memórias...", de Julieta Reis, uma fadista com uma assinalável carreira com mais de 50 anos. O álbum reúne alguns dos seus êxitos, incluindo não só fados tradicionais, mas também outros com música própria e algumas marchas.
Uma das veteranas fadistas, que começou como cantora de música ligeira, mas que desde finais dos anos (19)50 enveredou pelo Fado, Julieta Reis edita um novo álbum, "Fados - Primeiro Amor".
Recebi a notícia, estava eu a acabar este vídeo de homenagem; e, como não direi mais nem melhor do que o nosso bom amigo, grande conhecedor e estudioso de Fado, Dr. Luís de Castro, aqui fica transcrita a sua abalizada opinião:
"Julieta Reis é uma referência de bem interpretar. Ouvir a Julieta Reis é uma lição de fado pela dicção, como sabe dividir o verso, a emoção que consegue transmitir ao cantar dando ênfase às palavras do poeta. Estas são características fundamentais do fado que Julieta Reis cultiva como poucas. Tanto no fado tradicional como no fado-canção, Julieta Reis tem uma capacidade única de interiorizar o que canta tomando-nos de imediato a atenção".
Os que já andam no Fado há algum tempo, bem se lembram de ter ouvido a Julieta Reis no Café Luso, no Solar da Madragoa, no Arabita, no Fado Maior...
Venho hoje lembrar Neca Rafael, Manuel Garcia da Silva, de sua graça, um dos mais conceituados fadistas humoristas, natural do Porto, interpretando um tema da sua autoria "Onde está o rapazote" que, embora contando já alguns anos, continua a ter grande actualidade... De facto havia e há por aí vários destes rapazotes... dalguns até sabemos o paradeiro... mas, a massa, essa é que desapareceu!...
Ou terá sido apenas deslocalizada?!... Sei lá! Sei lá! Sei lá!
A lembrar e ilustrar uma prática pouco habitual (diria rara) em Fado, cantar a dois, em simultâneo e sem acompanhamento da guitarra portuguesa. Mário e Armando, Os Simultâneos, precisamente, interpretam, no Fado Carriche, "Rezas", da cantadeira e letrista, Natália dos Anjos.
Com dedicatória para os que gostam de inovações, ou melhor diria, pseudo inovações no Fado...
Ontem, finalmente, lá fui ao "A Nini", que é um restaurante muito simpático, em Lisboa, na R. D. Francisco Manuel de Melo, 36 A, onde, às 5ªs, há Fado. "Fado Vadio", como chamamos nós, para distinguir esta prática da outra, a comercial, em que os artistas são pagos para cantar e têm de assistir a jogo, peça-lhes ou não o coração; no "Fado Vadio" canta quem sabe, pode e tem vontade, como numa tertúlia de amigos ou confrades (e confreiras também, porque não?) Pois ontem, no "Nini", após um agradável jantar em óptima companhia, regado com um tinto muito aceitável, assisti a uns cantos ao fado, que é coisa que sempre me alegra a alma, mesmo quando os cantadores e cantadeiras se encontram entre os menos dotados e/ou menos conhecidos do grande público. Há sempre quem nos surpreenda com prestações maiores, mesmo que no Fado Menor... Pena tenho que aqui não possa deixar registado o nome de todos os que (en)cantaram, mas não havia por lá nenhum Filipe Pinto para os apresentar e aos fados que interpretaram e nenhum deles tão pouco se apresentou, nem declinou os nomes do fado que iria interpretar, e respectivas autorias. Sinal dos tempos! Se até na Rádio Amália a prática é a mesma!... que me dá raiva, porque, por vezes, gostei do que ouvi, mas não (re)conheço e fico completamente na mesma; se recuperassem esse bom uso, de nomearem quem canta e o quê, não só estariam a cooperar na erradicação da ignorância da res fadística, como a colaborar com quem faz, do Fado, mester, i.é, fadistas, industriais e comerciantes... Claro está que ainda há quem conserve esses bons usos de antigamente, como é o caso desta Senhora que, há dias, esteve neste mesmo Restaurante, por ocasião duma homenagem, e cuja actuação o amigo J.M. do https://www.youtube.com/user/4fadolisbon registou neste vídeo, à semelhança do que vem fazendo já há algum tempo, em diversas casas de Fado Vadio, um trabalho notável que alguns já vão procurando e que todos ficam a apreciar.
São, por certo, vídeos que vão ficar para a História do Fado, mas que, lá está, têm apenas a informação possível... é que, por vezes, nem quem canta nos sabe dizer de quem eram os versos e a música do fado que cantou!... Ainda ontem isso aconteceu e, assim, em vez de ter eu aprendido mais qualquer coisa, saí de lá com a mesma ignorância acerca de um fado de que tanto gostei. Adiante... mas não sem antes confessar ainda que fiquei também sem saber o nome dos que cantaram, à excepção do consagrado Filipe Duarte, que por lá pára e nos brindou com a sua presença bem fadista.
Enfim, o resultado, ao contrário do que acontece com as contas do país, é positivo e breve tenciono lá voltar para mais uma noite de surpreendente fado ao vivo.
Vá lá também! Olhe que eu não ganho nada com isso, mas você fica a ganhar ou, pelo menos, não perde nada, o que, nos tempos que correm, é mesmo baril :)
Acompanhado pelo Conjunto de Guitarras de Raúl Nery ( guitarras: Raúl Nery e Pedro Caldeira Cabral; viola: Mário Pacheco; viola-baixo: Edmundo Silva), Armando Morais interpreta, no Pedro Rodrigues, "Ter saudade", de Jorge Rosa
Uma letra de cariz muito popular, interpretada por essa grande cantadeira do Porto, Adelina Silva, que aqui podemos ouvir também em dois temas clássicos, gravados mais recentemente.
Quanto aos "passarões", um clássico igualmente, dentro do seu género, a primeira quadrinha reza assim:
"Minha mãe entre carinhos / me dava destas lições / Que os homens são passarinhos / mas também são passarões" :)
A propósito desta notícia, vamos hoje recordar um cantador de Setúbal, António Severino, interpretando um fado com letra de Marques Vidal, no Fado Dois Tons, acompanhado pelo Conjunto de Guitarras de Jorge Fontes.
Mercedes Blasco, actriz, a quem já me referi aqui e aqui, "uma figura do Chiado", "uma mulher muito avançada para o seu tempo", uma estrela desconhecida, por uns, esquecida, por outros, que levou o fado a todos os cantos da Europa...
Para quem ainda não tiver dado por isso, já se encontra à venda, desde Novembro p.p., uma edição em fac-símile do indispensável "Ídolos do Fado", de A. Victor Machado, com uma introdução do especialista Rui V. Nery.
Para iniciar bem o Ano, lembro hoje, com chancela Zip-Zip, este fadinho bem disposto - o "Fado Calcinhas", com letra de Luís Miguel de Oliveira -, interpretado pelo inesquecível Solnado, acompanhado por António Chaínho, à guitarra, e José Maria Nóbrega, à viola.
Bom Ano e não esqueçam "Vale mais um mais ou menos do que mais que menos não pode ser"