quinta-feira, julho 16, 2009

RUI DE MASCARENHAS - "Saudade sem vida"

Nota biográfica:
Nasceu a 14 de Dezembro de 1932, em Vila Perry na antiga colónia Portuguesa de Moçambique.Veio para o Continente aos 5 anos de idade, passou depois pelos Açores. Cursou Arquitectura, mas concorrendo a um programa de rádio(APA), na altura muito em voga e donde saíram muitos dos Grandes nomes da nossa Canção, ganhou!!!, mandou o curso ao ar e canta por todo o lado ; levado pelos Companheiros da Alegria de Igrejas Caeiro percorre Portugal e o Brasil. Vai para França e é o segundo Artista Português a Pisar o palco de L'Olimpia de Paris, a primeira seria Amália Rodrigues. Nesse tempo ir a esta sala de espectáculo era a consagração total de um artista. Hoje qualquer artista lá canta desde que pague o aluguer. Sinais dos Tempos. Ganha a Medalha de ouro Grand Prix de Cannes. De volta a Portugal grava " Os Pauliteiros do Douro" que ficará para sempre como o seu cartão de visita. Em todos os passatempos APA realizados no Ex-cinema Eden, é presença obrigatória. Parte para os Estados Unidos onde fica alguns anos com Sucesso, fala e canta em 8 línguas diferentes. Segue para o Canadá onde renova o Sucesso de cantor; a sua bonita presença e voz encantadora leva-o para o maior Teatro de Montreal onde, sendo o único Português em centenas de cantores e actores, representa com muito sucesso a Opereta " Viúva Alegre". Grava Discos no Canadá. O seu " Amor" e " Mourir ou Vivre" manteem-se longos meses no Top, são de facto grandes êxitos. A Fama chega a Portugal. Regressa com o "Encontro às dez" e " Maria Helena", como grandes sucessos. Mas é o eterno " Pauliteiros do Douro" a que mais entra no coração dos Portugueses. Ganha o 1º prémio da Costa Verde-Espanha. Contudo, os tempos de mudança, instalados no País após a Revolução de 25 de Abril, trouxe-lhe a ele como a muitos outros Grandes um crescente desencanto. A sua "estrelinha" começa lentamente a definhar... ainda canta nalguns cabarets... triste e desolado aponta culpas, sente-se injustiçado ( e foi)... pensou gerir a sua fama... mas actores... fadistas... cantores, todos Eles começam a ficar na prateleiras... não teem espectáculos. Hoje qualquer Modelo é actor... cantor... as próprias televisões promovem esses" artistas"; hoje tudo o que é Pimba... canta canções lamechas... tem padrinho ou afilhado. Vence. Os grandes estão esquecidos, eles que deram tudo por tudo subiram a pulso, tiveram lições de canto com os maiores professores, esses ficam esquecidos. As rádios perdem a força... pouca música Portuguesa passam...Tem que se pagar fortunas para gravar... gravando, não teem quem os promova. O passado não tem futuro neste País por vezes tão ingrato. Os políticos só querem os artistas para caçar votos. No dia 22 de Fevereiro de 1987, aparece morto em sua casa, no Porto. Embolia cerebral dizem uns... e outros nem nada dizem. Morreu uma Estrela. Um Cantor de Sucesso. Um dos Grandes entre os Grandes... e o silêncio cai na cidade. Ninguém hoje recorda RUI DE MASCARENHAS. Eu, que trabalhei ainda com ele no "Satélite", não deixarei de o relembrar e dizer que os " Pauliteiros do Douro" ainda existem.

(in http://www.fotolog.com/luisduval_20/69311547)



De facto, Rui de Mascarenhas celebrizou-se e é lembrado como cançonetista, "cantor romântico", sendo dessa área os seus mais conhecidos êxitos; mas, como acontecia na época com muitos outros, também cantou Fado, gravou fado e até cantou durante algum tempo numa Casa de Fados - a "Nau Catrineta", que viria depois a ser "O Poeta" e acabaria demolida... hoje está lá o sítio, em Alfama... É, pois, essa sua faceta de fadista, quiçá menos conhecida, que aqui vamos recordar com este fado tradicional, com letra de F. Peres e música de F. Viana.
Vídeo de Homenagem