sexta-feira, fevereiro 15, 2013

QUINTAS DE FADO

Ontem, finalmente, lá fui ao "A Nini", que é um restaurante muito simpático, em Lisboa, na R. D. Francisco Manuel de Melo, 36 A, onde, às 5ªs, há Fado. "Fado Vadio", como chamamos nós, para distinguir esta prática da outra, a comercial, em que os artistas são pagos para cantar e têm de assistir a jogo, peça-lhes ou não o coração; no "Fado Vadio" canta quem sabe, pode e tem vontade, como numa tertúlia de amigos ou confrades (e confreiras também, porque não?) Pois ontem, no "Nini", após um agradável jantar em óptima companhia, regado com um tinto muito aceitável, assisti a uns cantos ao fado, que é coisa que sempre me alegra a alma, mesmo quando os cantadores e cantadeiras se encontram entre os menos dotados e/ou menos conhecidos do grande público. Há sempre quem nos surpreenda com prestações maiores, mesmo que no Fado Menor... Pena tenho que aqui não possa deixar registado o nome de todos os que (en)cantaram, mas não havia por lá nenhum Filipe Pinto para os apresentar e aos fados que interpretaram e nenhum deles tão pouco se apresentou, nem declinou os nomes do fado que iria interpretar, e respectivas autorias. Sinal dos tempos! Se até na Rádio Amália a prática é a mesma!... que me dá raiva, porque, por vezes, gostei do que ouvi, mas não (re)conheço e fico completamente na mesma; se recuperassem esse bom uso, de nomearem quem canta e o quê, não só estariam a cooperar na erradicação da ignorância da res fadística, como a colaborar com quem faz, do Fado, mester, i.é, fadistas, industriais  e comerciantes... Claro está que ainda há quem conserve esses bons usos de antigamente, como é o caso desta Senhora que, há dias, esteve neste mesmo Restaurante, por ocasião duma homenagem, e cuja actuação o amigo J.M. do  https://www.youtube.com/user/4fadolisbon registou neste vídeo, à semelhança do que vem fazendo já há algum tempo, em diversas casas de Fado Vadio, um trabalho notável que alguns já vão procurando e que todos ficam a apreciar.
 
 
São, por certo, vídeos que vão ficar para a História do Fado, mas que, lá está, têm apenas a informação possível... é que, por vezes, nem quem canta nos sabe dizer de  quem eram os versos e a música do fado que cantou!...  Ainda ontem isso aconteceu e, assim, em vez de ter eu aprendido mais qualquer coisa, saí de lá com a mesma ignorância acerca de um fado de que tanto gostei. Adiante... mas não sem antes confessar ainda que fiquei também sem saber o nome dos que cantaram, à excepção do consagrado Filipe Duarte, que por lá pára e nos brindou com a sua presença bem fadista.
Enfim, o resultado, ao contrário do que acontece com as contas do país, é positivo e breve tenciono lá voltar para mais uma noite de surpreendente fado ao vivo.
Vá lá também! Olhe que eu não ganho nada com isso, mas você fica a ganhar ou, pelo menos, não perde nada, o que, nos tempos que correm, é mesmo baril :)