sábado, outubro 27, 2012

JOSÉ MANUEL RATO - "Um anjo de Loures"


Fados que cantam a nossa história, uma história que se vai perdendo, mas que alguns ainda vão lembrando. 
Alguém poderá dizer que esta letra de Armando Neves não é "poesia no seu melhor"? Belíssima interpretação de José Manuel Rato deste fado que foi do repertório do fadista/compositor Júlio Vieitas.

G.P.1945

terça-feira, outubro 23, 2012

JOSÉ CID - "Mas sou fadista"


"Ontem, hoje e amanhã", José Cid diz, disse, dirá "Mas sou fadista" no seu "Fado de sempre"...
E é por isso e não só que, "Como o macaco gosta de banana", eu gosto deste enfant terrible da cena portuguesa, um anarco- monárquico que já deu e dará ainda muito que falar!...
José Cid, para ouvir "Junto à lareira", quando "Cai neve em Nova York", ou n' "A cabana junto à praia" "No dia em que o rei fez anos" ou mesmo "No meu veleiro" de "Asas brancas"... Para ouvir também em tom de Fado, "Aqui fica uma canção", um fado da autoria de Artur Ribeiro e Ferrer Trindade, interpretado por este grande senhor da música portuguesa mas que, por isso mesmo, é também fadista!  

Quando nasci para a vida trouxe a meu lado
Esta ânsia desmedida de vida e fado
Cresci, amei e cá sigo o meu destino
E o fado amigo, cresceu comigo desde menino

Refrão:
Não nasci na Madragoa, mas sou fadista
Sou doutro bairro em Lisboa, mas sou fadista
Fadista é qualquer pessoa em qualquer lado
Que importa ser da Moirama, da Graça ou de Alfama, se nasci para o fado

Se na vida amor existe, fado é ternura
Sem amor o fado é triste e a vida é dura
Mas se desponta uma esperança de ser amado
Até no riso duma criança, pode haver fado

Refrão:
Não nasci na Madragoa, mas sou fadista.
Sou doutro bairro em Lisboa, mas sou fadista
Fadista é qualquer pessoa em qualquer lado
Que importa ser da Moirama, da Graça ou de Alfama, se nasci para o fado.

segunda-feira, outubro 15, 2012

CELESTE RODRIGUES - "Meu sonhar"



Lembro hoje Celeste Rodrigues, a fadista mais antiga em actividade e uma das mais genuínas, interpretando, do seu repertório, com uma belíssima letra de Castelo B. Mota, "Meu sonhar"; a música é de Adelino dos Santos, que a acompanha à guitarra, sendo ainda acompanhada pela viola de Carlos Neves e a viola baixo de Joel Pina. 
Uma voz toda emoção que sempre me emociona!

Plat.

sexta-feira, outubro 12, 2012

RODRIGO - "P'ra não ver a realidade"




Rodrigo, de quem Alfredo Marceneiro disse «Se há fadistas p'ra manter a tradição do fado que sempre cultivei, o Rodrigo é da grei», interpreta, de Carlos Alberto França, este "P'ra não ver a realidade", acompanhado à guitarra por Jorge Fontes e à viola por Júlio Gomes.

Pois é! A realidade por vezes é tal, que dá vontade de intervalar e fazer como a avestruz...

"Corre as cortinas que a luz
que me entra pela janela
traz uma nova manhã
e eu hoje não quero vê-la

Corre as cortinas que a luz
do sol que lhe bate em cheio
vai fazer-me despertar
e eu hoje tenho receio

Fecha a janela que o ar
que vem do lado de fora
não o quero respirar
pelo menos por agora

Fecha tudo bem fechado
que não entre a claridade
eu hoje fico trancado
p'ra não ver a realidade"

quinta-feira, outubro 11, 2012

ALBERTO BRAVO, desiludido...

Plat.

Desiludido se confessa o fadista Alberto Bravo, que iniciou a sua carreira profissional no "Bairro Alto" (de Júlio de Sousa, artista multifacetado, autor e criador do "Saudade, vai-te embora..."), desiludido porque, como refere, "a vida artística é só para meia dúzia deles" e "ninguém dá a mão aos novos"... Lá teria as suas razões!... 
Menos razão assiste a quem informa ser Berta Cardoso natural do Barreiro, como o era Alberto Bravo. De facto, Berta Cardoso tinha família no Barreiro, onde ainda reside uma sobrinha e uma sobrinha-neta, mas ela era natural de Lisboa, onde nasceu no nº 10 da Rua da Condessa (ao Carmo). 

domingo, outubro 07, 2012

MARIANA SILVA - "Cruzámos"




Plat.

Duas notícias acerca de Mariana Silva que hoje completa setenta e nove radiosas primaveras, tendo iniciado a sua vida artística aos 5 anos e começado a cantar o fado apenas com 10 anos, encontrando-se retirada desde 2000.
Das encruzilhadas da vida recuperei este fado com que a recordo nesta data especial, "Cruzámos", um original de Armando Vieira Pinto e Miguel Ramos.
Para si, minha querida Amiga, desejos de um venturoso ano ! 


quinta-feira, setembro 27, 2012

MANUEL DIAS - "Noites de Alfama"

Plat.61
 
Plat.63
 
Plat.64

Plat.65

"Nascido a 25 de Maio de 1932, Manuel Dias despontou para a vida artística no antigo Café Salvaterra, num concurso de fados organizado pela antiga Cervejaria Luso, e de que saiu vencedor. Desde então até agora tem trabalhado em quase todas as Casas Típicas e «Boites», tanto em Lisboa como no Porto, e conhece o nosso País de lés a lés.
Criador do célebre fado «Amor de Pai», é sem dúvida um dos mais castiços fadistas.
..."
 
VÍDEO DE HOMENAGEM
 

Mais uma voz inconfundível, a de Manuel Dias, que lembro com este fado de Frederico de Brito e de Armandinho, acompanhado por Álvaro Martins (guitarra) e José Mª de Carvalho (viola).

terça-feira, setembro 25, 2012

MANUELA MOURA - "Nova paixão"

Plat.


Não penses que ando perdida 
Por me teres abandonado
Enamorei-me do Fado
É feliz a minha vida

Se passei dias chorando
Ao lembrar-te a toda a hora
Os dias foram passando
E a saudade foi-se embora

Hoje de ti desprendida
Vivo a cantar o Fado
Meu coração torturado
Sarou da mágoa sentida
Não penses que ando perdida
Por me teres abandonado

Mas se pensares procurar-me
Ciente do meu perdão
A cantar vens encontrar-me
Vivendo a minha paixão

Quero cantar de bom grado
Minha canção preferida
Não vivo desprotegida
Nem o cantar é pecado
Enamorei-me do Fado
É feliz a minha vida

sexta-feira, setembro 21, 2012

FILIPE DUARTE - "Palco desmantelado"



Acompanhado à guitarra por Jorge Fontes e à viola por José Mª Nóbrega, Filipe Duarte interpreta, de João Linhares Barbosa, no Fado Meia Noite, "Palco desmantelado"
"...
De noite, ninguém se afoite / Andar ali à vontade / Porque nas sombras da noite / Passa um fantasma - a saudade"

Nascido em 28 de Outubro de 1934, no Bairro da Ajuda, em Lisboa, Filipe Duarte entrou no meio do fado pela mão do grande Linhares Barbosa, que o apresentou a Lucília do Carmo, que gostou de o ouvir e o convidou para ficar a cantar no seu restaurante típico "O Faia", isto nos finais dos anos cinquenta. Depois, a convite de Argentina Santos, integrou o elenco da "Parreirinha", onde esteve durante vários anos, e daí, atendendo a várias solicitações, trabalhou durante os anos seguintes em grande parte das casas de fado de Lisboa, mas também no Porto, tendo efectuado várias digressões ao estrangeiro, onde, para além de espectáculos pontuais, trabalhou temporadas em restaurantes ("O Fado", em Madrid, "O Solar dos Fadistas", em Angola, "Restaurante Abril em Portugal", em S. Paulo) e no Casino de Macau; também as tournées se foram sucedendo, à Roménia, Estados Unidos, Canadá, Tunísia..., tendo actuado em vários programas de Televisão, não só em Portugal, mas também em França, Brasil, Estados Unidos e Canadá.
No bairro em que nasceu, abriu, em 1989, a sua própria casa de fados, o "Solar do Fado" que manteve a funcionar até 2001.
Fadista que já é da "velha guarda", em 2011 integrou o espectáculo Proscritos.
Presentemente, essa alma fadista, que uma voz singular tão bem veste, continua a dar fado nas noites de Lisboa, para gáudio de todos os que amam o Fado.
O 4FadoLisbon encontrou Filipe Duarte no Restaurante Bar "Nini" (à Rua D. Francisco Manuel de Melo, nº 36-A, em Lisboa, com fado "vadio" às 5ªs) e registou-o assim, para memória futura


Calçada da Glória

(Dados biográficos, fotos e recorte de jornal fornecidos pelo próprio Filipe Duarte, em Set. 2012)

quarta-feira, setembro 19, 2012

LUIZ GOES - "Fado do Estudante"

De Lisboa a Coimbra, o Fado; de xaile e lenço ou de capa e batina, o Fado - o cantar português; nem sempre triste, mas sempre com sentimento; o pulsar do coração nas cordas de uma guitarra...

Morreu ontem um dos expoentes máximos do Fado de Coimbra, Luís Goes. Em sua homenagem, aqui o lembro interpretando o "Fado do Estudante" (Vicente Arnoso / Fernando Machado Soares), cuja primeira quadra, de que gosto particularmente, diz assim: "Fecha os olhos de mansinho / Não os abras para ver / Que a vida, de olhos fechados / Custa menos a viver" 

(Fotos daqui)

terça-feira, setembro 11, 2012

domingo, setembro 09, 2012

GERMANO ROCHA

Plat.74

Parece-me preciosa a informação que encontrei No Bairro do Vinil acerca deste esquecido fadista.
Deixo-vos com esta interpretação muito curiosa do Adeus Mouraria, de Artur Ribeiro, um fado de Lisboa a soar a Coimbra, por Germano Rocha



sexta-feira, agosto 31, 2012

MAX - "Tenho saudades de mim"

De Fernando Peres e de Júlio Proença, Maximiano de Sousa, mais conhecido por MAX, interpreta "Tenho saudades de mim"

...
"Da Madeira trouxe a esperança
do meu sonho de criança
tudo por querer ser assim
Numa saudade esquecida
numa alegria perdida
tenho saudades de mim"

sábado, agosto 18, 2012

sábado, agosto 11, 2012

ANTÓNIO DOS SANTOS - "Recordando"



O fado-balada "Recordando" tem letra e música de A. Veloso R. Camelo e de António dos Santos, que também o interpreta.
A propósito, há por aí quem entenda que chamar "letra" às palavras de um fado é, de algum modo, menorizar um texto que antes devia chamar-se poesia... Pois eu penso absolutamente o contrário - chamar "letra" às palavras de um fado é simplesmente marcar a diferença entre um e outro texto, cujas técnica e finalidade são, por certo, diferentes... Não é este o momento, nem o sítio para me alongar mais sobre o assunto; apenas queria dizer que, em minha opinião, há no Fado imensas letras extraordinárias, que muitos poetas gostariam mesmo de assinar por baixo, e que devem continuar a ser assim designadas, quanto mais não seja para marcar essa diferença essencial entre os textos poéticos...  Em suma, há a poesia, a prosa poética e a letra, que é aquele texto que se escreve para Fado, a isso adequado na sua forma e conteúdo, um modo de escrever e sentir tão português como o Fado, inacessível até a muitos poetas... Por isso, também gosto de dizer "letristas", que é uma forma tão maior, tão mais próxima e genuína de cantar a vida, o dia-a-dia, de celebrar com palavras simples a complexidade dos sentimentos... A letra deste fado-balada é bem o exemplo disso... tão simples, não é? Tentem escrever assim e verão... Talvez pela dificuldade, nunca houve muitos poetas a escrever para Fado; lembro, por exemplo, o David Mourão-Ferreira, além do mais um académico, apenas para vos desafiar a tentarem estabelecer duas (im)possíveis comparações- entre as suas poesias e as suas letras e entre as suas letras e as de João Linhares Barbosa; aí têm no que difere um poeta dum letrista! É que, letristas, apenas portugueses e no Fado. Por isso, deixem que se continue a chamar letra às palavras do fado e letrista a quem as escreve e tenham orgulho nisso, de sermos únicos e tão bons!
Pena é que tenhamos agora tanta falta de letristas e tantos poetas a escrever para fado umas coisas que ninguém percebe porque não dizem seja o que for; nem são letras, nem são poemas, escritos por quem nem sabe ser letrista nem poeta... umas "coisas" que ninguém mais lembra, que nem chegam a entrar no ouvido que, como órgão muito sábio que é, nem sequer as deixa entrar... Por alguma razão andam os fadistas de agora agarrados a repertórios antigos, cantados, recantados, mas sempre a agradar. Essa é que é essa!...


António dos Santos Caio Castanheira, que adoptou o nome artístico de António dos Santos, nasceu no Hospital de São José, freguesia do Socorro, a 14 de Março de 1919. ... (daqui)