domingo, outubro 01, 2006

ALFREDO MARCENEIRO (1891 - 1982)


Nascido em Lisboa, na freguesia de Stª Isabel, Alfredo Duarte estreia-se como fadista com cerca de 20 anos (1911), num "cabaret" sito no 14 do Largo do Rato. Começa a ser conhecido pelo Alfredo "Lulu" em virtude de andar sempre muito bem vestido, muito janota. Mais tarde o fadista, que é marceneiro de ofício, vem então a ter nome Alfredo Marceneiro, nome com o qual fica imortalizado no fado, como cantador e como compositor. São de Marceneiro o Fado Margarida, o Fado Cravo, o Fado Balada, o Fado Pagem, a Marcha de A. Marceneiro, entre outros, e o Fado Cuf em que cantava, com versos do poeta Armando Neves, o fado "O Marceneiro"

Com lídima expressão e voz sentida
Hei-de cumprir no Mundo a minha sorte
Alfredo Marceneiro toda a vida
Para cantar o fado até à morte.
... ... ...
A produção discográfica de Alfredo Marceneiro não é muito grande; consta que gostava pouco de gravar; a sua actividade cingiu-se praticamente às casas de fado em Lisboa; fez uma "incursão" no cinema, em 1940, tendo participado, bem como Berta Cardoso, no filme de António Lopes Ribeiro "Feitiço do Império".
O ofício de marceneiro, que exerceu até 1943, conjuntamente à actividade fadista, ficará para sempre testemunhado, não só no nome, mas também n' "A casa da Mariquinhas", obra que construiu em madeira e que ilustra o fado com o mesmo nome, com letra de Silva Tavares; em exposição no Museu do Fado.
Criado pela sua bisneta Susana Duarte, em Outubro de 2001, é de consulta obrigatória, para quem queira saber mais acerca do artista, o site http://www.alfredomarceneiro.com/ ; complementarmente, em suporte papel, a fotobiografia, assinada pelo seu neto Vitor Duarte, "Recordar Alfredo Marceneiro"Posted by Picasa

segunda-feira, agosto 14, 2006

AMÁLIA RODRIGUES (1920 - 1999)


É em 1935 que, pela primeira vez, Amália aparece publicamente e canta o Fado Alcântara. Até 1938, ano em que concorre ao Concurso da Rainha dos Bairros, canta em diversos locais de fado amador, com o nome de Amália Rebordão. Em 1939, estreia-se, como fadista profissional, no Retiro da Severa e, a partir de 1940, Amália integra o elenco de várias casas de fado, é atracção em algumas revistas e também actua em outras revistas e operetas. Em 1943, começa a sua carreira internacional, actuando em Madrid, e, no ano seguinte, no Brasil. Em 1947 inicia a sua participação no cinema, tendo ganho o prémio para Melhor Actriz de Cinema com o filme Fado-História de uma cantadeira.
Durante os anos de 1949 e 1950, Amália Rodrigues canta em Paris, Londres, Brasil, Berlim, Dublin, Roma e Berna, actuando em Lisboa, unicamente em 1949, no Café Luso e no Casino Estoril.
O ano de 1951 assinala a sua primeira gravação, em Portugal, para a editora Melodia; só no ano seguinte, Amália começa a gravar para a Valentim de Carvalho.
Nas décadas de 50, 60 e 70, Amália actua quase que exclusivamente no estrangeiro.
Só em 1985 realiza em Portugal o seu primeiro grande concerto, no Coliseu dos Recreios, aí voltando em 1987 para mais dois espectáculos.
A década de 90, em que já se vislumbra o poente de Amália Rodrigues, é a década de todas as homenagens.
Acerca da fadista, escreveu Vítor Pavão dos Santos duas obras biográficas, Amália (1987) e Amália-Uma Estranha Forma de Vida (1992); Em 2005, a editora Planeta deAgostini publica a biografia Amália, da autoria de Nuno Almeida Coelho, uma obra de consulta obrigatória.
Dos variados sítios na Internet, acerca de Amália, assinalo http://www.amalia.com/ e http://amalia.no.sapo.pt/.
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domingo, agosto 13, 2006

HERMÍNIA SILVA (1907 - 1993)




















Hermínia Silva foi, sem dúvida, "uma das maiores vedetas do fado".
Terá sido em 1926 que, pela primeira vez, se apresenta publicamente, no Teatro Gil Vicente; seguidamente, durante dois anos, é contratada para cantar fados, no cinema "Malacaio", no final da exibição dos filmes. Nos dois anos seguintes, canta no "Valente das Farturas", no Parque Mayer; em 1929 participa na opereta "Ouro sobre Azul", mas é em 1932 que, contratada por António Macedo, dá «os primeiros passos a sério» no teatro, actuando em fim de festa, na opereta "Fonte Santa", cantando fados. Participou em imensas revistas e algumas operetas, registando-se a sua última actuação em 1976, na revista "Cada Cor, seu Paladar". Participa também em vários filmes, nomeadamente "O Costa do Castelo", contracenando com António Silva e Maria Matos, entre outros.
O seu nome andará sempre ligado ao Teatro de Revista e ao seu estilo único de cantadeira humorística.
Nova Tendinha, de Carlos Lopes-Aníbal Nazaré e Carlos Dias, Fado Mal Falado, de Paulo Menano-Fernando Santos-Almeida Amaral e Fernando Ávila, Fado da Sina, de Amadeu do Vale - Jaime Mendes, Marinheiro Americano, de A. do Vale - A. Marceneiro, são alguns dos seus muitos fados de grande sucesso.
No 45RPM, da etiqueta DECCA, cuja capa acima se reproduz, encontram-se editados 4 outros grandes êxitos: Vou dar de beber à alegria, de Dr. Alberto Janes e Eduardo Damas, Touro de Vila Franca, Favas contadas e Anda o fado a brincar comigo, todos do Dr. Alberto Janes.
Em 13 de Maio de 1958 é inaugurado o "Solar da Hermínia", no Largo da Misericórdia, ao Bairro Alto, e pouco tempo depois passa também a explorar o Restaurante "Pôr-do-Sol", em Benavente, com espectáculos de fado aos sábados à noite e domingos à tarde. Hermínia reparte a sua actividade entre um e outro espaço, sendo certo que, quem lá ia, era para ouvir a Hermínia, embora tivesse sempre elencos de luxo.
Vitor Duarte Marceneiro publica, em 2004, "Recordar Hermínia Silva", um livro onde «reune tudo o que sobre ela conseguiu recolher, com o intuito de fazer história sobre essa mulher, que era povo, foi amada e ovacionada, mas manteve-se sempre simples e despretensiosa.»

sábado, agosto 12, 2006

BERTA CARDOSO (1911-1997)










Berta Cardoso é a fadista de referência da "época de ouro" do fado, a cantadeira que "chegou, cantou e venceu" e que foi desde logo considerada a "loucura dos fadistas". Canta pela primeira vez, em público, no Salão Artístico de Fados, acompanhada por Armandinho; o sucesso é tal que é de imediato convidada para integrar o elenco da casa, o que não vem a concretizar-se em virtude de ter apenas 16 anos. Vai, no entanto, a Espanha gravar o seu primeiro disco e em 1930 é notícia de primeira página da Guitarra de Portugal, de 30 de Outubro. Ali se refere que Berta Cardoso é "um nome consagrado", é "uma vocação que se revelou expontânea e claramente desde a sua estreia". Dotada de um estilo e de uma capacidade interpretativa singulares, Berta Cardoso tinha uma dicção irrepreensível e uma voz privilegiada, tendo ficado conhecida como "A voz de oiro do fado". A sua ascensão artística é meteórica, passando, de imediato, do anonimato a primeira figura da canção nacional.
Durante as décadas de 30, 40 e 50, tem uma notável carreira que divide entre os palcos das casa de fado e dos teatros de revista, a nível nacional e internacional; a partir da década de 60, opta por actuações mais intimistas, confinando-se quase exclusivamente às casas de fado.
Durante a sua longa carreira, Berta Cardoso criou inúmeros êxitos, tendo gravado para várias editoras discográficas, entre elas a Valentim de Carvalho, a Odeon, a Columbia, a Capitol, a Imavox... Sempre com edições esgotadas, restam alguns 78RPM e vinil, nas mãos de particulares/ coleccionadores. No mercado habitual, apenas na loja do Museu do Fado e na Discoteca Amália , se pode adquirir o CD cuja capa acima se exibe, da etiqueta Estoril, e que reproduz seis dos seus maiores êxitos: Fado Antigo, Fado Faia, Chinela, Meu Lar, Cinta Vermelha e Cruz de Guerra, sendo a letra, dos 5 primeiros fados, da autoria de João Linhares Barbosa e a letra do 6º fado, de Armando Neves.
Existe ainda, no circuito comercial, um outro CD, editado pela Movieplay Portuguesa, o nº 20 da colecção Fados do Fado, com 4 fados de Berta Cardoso: Cruz de Guerra, de Armando Neves, Meu amor fugiu do ninho e Noite de São João, ambos de J. Linhares Barbosa e Testamento, de João Redondo.
Acerca desta figura emblemática do Fado, que é Berta Cardoso, encontra-se patente uma exposição, no Museu do Fado (Largo do Chafariz de Dentro, nº 1, a Alfama), até 22 de Outubro.
Pode também visitar o sítio http://www.bertacardoso.com/