quinta-feira, outubro 06, 2011

Parabéns, Sr. Carlos!



Parawells, sim! Para além de conseguir esta façanha de que mais ninguém, creio eu, se poderá gabar, consegue ainda que o seu sê-lo tenha maior valor do que o de Amália!... E esta, hem?!

É caso p'ra dizer que Mais vale selo...

Enfim, temos, no país que merecemos, as pessoas que igualmente merecemos...

Como diria o outro, -Palavras para quê? É um "artista" português!...

quinta-feira, setembro 22, 2011

ZECA AFONSO - "Inquietação"




Edmundo Bettencourt e Alexandre Resende são os autores; Zeca Afonso o intérprete deste fado de Coimbra, "Inquietação"

"És linda!, se foras feia / Mesmo assim eu te queria / Não é por ser lua cheia / Que a lua mais alumia // Todo o bem que não se alcança / Vive em nós, morto de dor / Quem ama de amor não cansa / E, se morrer, é d'amor"

Plat.

segunda-feira, setembro 19, 2011

MARIA DE FÁTIMA - "Ceia fadista"






De Carlos Conde e Casimiro Ramos, Maria de Fátima interpreta "Ceia fadista", acompanhada pelas guitarras de António Parreira e de Armandino Maia, a viola de Francisco Gonçalves e a viola-baixo de José Mª de Carvalho


"Conheci no Ribatejo / aquele moço forcado / primeiro disse um gracejo / à tarde atirou-me um beijo / à noite pediu-me um fado // Porém, na ceia fadista / à moda ribatejana / ele, num ar de conquista / namorava muito à vista / os olhos duma cigana // Então, já sentindo o lume / de paixões abrasadoras / fui cantar sem azedume / só p'ra mostrar que há ciúme / num amor de poucas horas // Cada vez que ele a fitava / ia sempre a olhar p'ra mim / mas nem ela imaginava / nem eu própria acreditava / que a cena estava no fim // Mas, após tudo acabado / outra voz chamou-lhe seu / ambas iguais neste fado / nem ela foi do forcado / nem o forcado foi meu"


É caso p'ra dizer "Não há uma sem duas, nem duas sem três"..."E esta, hem?!"

terça-feira, setembro 13, 2011

MANUEL DE JESUS - "Perdi o meu coração"




Acompanhado pelo Conjunto de Guitarras de Jorge Fontes, Manuel de Jesus interpreta "Perdi o meu coração", de Lopes Victor e de Carlos da Maia

segunda-feira, agosto 29, 2011

QUINITA GOMES - "Festa na Atalaia"




Queria muito aqui lembrar esta fadista e por isso me atrevo a fazê-lo com um registo fonográfico em mau estado (também, já não é o primeiro...), mas é o que tenho!...


Antes assim que nada, não é?


No verbete de 2 de Agosto de 2007 do Fadocravo, já eu tinha falado no nome da Quinita Gomes
http://fadocravo.blogspot.com/search?q=quinita+gomes , a propósito de uma ida ao Porto de uma representação fadista que Quinita integrou com, entre outros, o seu companheiro de então, o fadista Frutuoso França...


Hoje, lembro "uma das letras mais populares do repertório de Quinita Gomes", nome artístico de Joaquina Gomes, "Um passeio à Trafaria", da autoria do consagrado João da Mata, que foi também seu companheiro.


Quinita Gomes começou a cantar com apenas 8 anos de idade. A sua voz «velada e triste» fez-se ouvir na "Jansen", no "Solar da Alegria", no "Salão Artístico de Fados"... e no "Monumental", onde um dia se estreou uma outra fadista com apenas 10 anos de idade, Mariana Silva, "A Miúda do Alto do Pina", de quem foi Madrinha de Fado.


"Festa na Atalaia", assim se intitula este fado, que tem como autores João da Mata e Miguel Ramos, é do repertório e interpretado por Quinita Gomes

VÍDEO DE HOMENAGEM




Encerrando hoje as Festas em Honra de Nossa Senhora da Atalaia, republico, a propósito, este verbete, já publicado em 14.AGO.2009, lembrando uma vez mais esta fadista do antigamente (ou nem tanto...) e este fado de que muito gosto.

terça-feira, agosto 23, 2011

EULÁLIA DUARTE - "O sabor do Fado"



"...Cantar o Fado é saber / Sentir, amar e sofrer..."

Com música de Jorge Fontes e letra de D. Silva, Eulália Duarte interpreta "O sabor do Fado".

Plat.

Eulália Duarte, uma singular voz do Fado, natural de Lisboa (Lumiar), estreou-se no Café Luso (Catedral do Fado) na travessa da Queimada em 1947, foi em Moçambique (Lourenço Marques), dona de duas casas de fado onde teve grande projecção... "Club dos Lisboetas - Adega da Madragoa e Tendinha" casas onde muito trabalhou... em 1972 com o fadista Carlos Macedo, foi eleita Rainha do Fado... 

Gravou muitos temas tais como: "Você Chega a Estas Horas" (1º grande exito), "Lenda das Rosas" (2º exito), "Sabor a Fado" (3º grande exito), seguiu-se o "Dia de Feira" exito em duas versões, "Ser Fadista", "Assim era o Fado", "Lisboa minha Lisboa", "No Ribatejo", "O Meu Cigano", "Marujo de Lisboa", "Sabor a Fado", "Espalho o meu Coração", "A verdade que sou Eu",... pôs o seu cunho pessoal no "Lisboa Antiga", "Numa Casa Portuguesa", "Fado das Caldas", "Armazém dos Maridos", "O Meu Amor é Forcado", entre muitos outros e últimamente o (Fado do Cartaxo) "Vai acima, vai abaixo, com o Bom Vinho do Cartaxo" , grande exito, este fado é um cartão de visita à cidade... 

Fez vários filmes onde se destaca o "O Explicador de Matemática" de Corinha Ramos, entrou no comentário televisivo o "Ribatejo no Fado"... foi solista de orquestras, cantou nas melhores casa de fado de Lisboa e do nosso pais ao lado de grandes nomes, na rádio, televisão, em festas e romarias, recebeu várias prémios, conta com mais de 65 anos de carreira... 

É casada com José Albergaria da Silveira, técnico de contabilidade e não têm filhos... encontra-se a residir à mais de 30 anos em Ereira - Cartaxo (bonita aldeia no coração do Ribatejo), tendo-a adoptado como sua terra natal...

Na festa dos seus 60 anos de carreira no pavilhão do Centro Social e Paroquial contou com a presença de muitos colegas e amigos... entre as quais a já saudosa Dilma Melo (Nazareth Barbosa) (fadista e solista da Orquesta Típica Scalabitana)... últimamente Eulália Duarte encontra-se adoentada... por isso está afastada...

Os seus temas encontram-se gravados em vínis e cassetes, já não se encontram à venda, alguns temas estão disponíveis no Google, Facebook e no www.youtub.com...

Alguns fadistas amigos: Herminia Silva, Frutuoso França, Alfredo Marceneiro, Maria Albertina, Luís Piçarra, Amália Rodrigues, Lucília do Carmo, Fernando Maurício, Berta Cardoso, Carlos Macedo (Rei do fado 1972), Argentina Santos (dona da Parreirinha de Alfama), Celeste Rodrigues, Deolinda Rodrigues, Maria Augusta, "Zito (José Eduardo)", Nuno de Aguiar, Dilma Melo, José Carlos Garcia, Carlos Lisboa, José Carlos Agustinho, Maria João Quadros, Alexandra, António Figueiredo, Matilde Pereira, António Passão, Manuel João Ferreira, Manuel José Duarte, Emílio Serra, Palma Gois, João Chora, Joana Amendoeira e a nova revelação Hugo Faustino, entre muitos outros...

Alguns guitarras e violas com quem trabalhou: Pacheco (Pai), Profº Joel Pina, Jorge Fontes, José Fontes Rocha, António Chaínho, Martinho D`Assunção, Raul Silva, Avelino Magalhães, José Braga, Carlos Lopes, António Fonseca, Fernando Rebelo, Carlos Velez (Pai), Rui Girão, José Carlos Marona, Raimudo Seixas, Gilberto Silva, Custódio Castelo, José Bacalhau, Luís Petisca, Cajé Garcia, Pedro Amendoeira, entre muitos outros...

Jorge Durão


sexta-feira, agosto 12, 2011

JOSÉ MANUEL OSÓRIO - "Fado da Meia-Laranja"






Uma tarde, na "Mexicana", onde fui lanchar com o José Manuel Osório, agradeceu-me ele este vídeo de que "tinha gostado muito" e ilustrava bem o seu sentir.


Nunca fomos íntimos e nem amigos de convivência regular; encontráva-mo-nos esporadicamente, quase sempre "por acaso". Aconteceu a última vez há alguns meses, na Alameda, e ali estivémos um bom bocado à conversa, com a nossa comum amiga Mariana Silva, que ele muito estimava, "não mais já se vê do que à sua (nossa) queridíssima Fernanda Maria", como eu gostava sempre de ironizar... :-) Foi com o costumado entusiasmo que me falou do trabalho que então estava a desenvolver acerca da História do Fado e da investigação documental que estava a efectuar na Torre do Tombo. Eu escutava-o e sentia-me (ainda mais) pequenina e fraca; aquele Homem passou os últimos 27 anos de vida a ilustrar o que é um verdadeiro Lutador! Quantos de nós, por bem menos, soçobramos!... Por certo, perdemos um investigador dedicado e amante do Fado que ele próprio interpretava pessoalissimamente, destacando eu esta interpretação deste excelente fado, de entre todo o seu restante repertório.


O Zé Manel vai fazer-me falta, como, afinal, nos faltam todos os que queremos e admiramos pelo seu trabalho e integridade.


"José Manuel Osório é mais um nome incontornável no fado, não só como fadista, mas também como investigador e estudioso do Fado, com obra editada. Este fado, que lhe ouvi cantar, emocionada, há já alguns anos, numa noite, no "Tostão", continua a ser um dos meus preferidos, não só pela belíssima letra de José Luís Gordo, que tão bem tratou este tema tão difícil, como pela feliz escolha desta música de Joaquim Campos, como ainda pela superior interpretação de J. M. Osório. " (verbete de 9.Out.2008, no Fadocravo).


Em sua Homenagem, meu Amigo!

quinta-feira, agosto 11, 2011

JULIETA SANTOS - "Brincos de Princesa"




No tempo das cerejas... Linhares Barbosa escreveu, Carvalhinho musicou, Maria Pereira foi a criadora deste fado intitulado "Brincos de Princesa", que aqui apresento recriado por Julieta Santos, acompanhada pelas guitarras de António Chainho e de Armindo Fernandes, pela viola de José Maria Nóbrega e a viola-baixo de Pedro Nóbrega.

Plat.

sexta-feira, julho 29, 2011

E você, sabe quem foi William Gilman?...





Não?! Não diga!...


Aqui tem a resposta. E, antes que não leia, para lhe aguçar a curiosidade, posso adiantar que este exigente crítico inglês de que se fala, afinal seria bem português e até pouco perceberia de música... É claro que a Amália nada tem a ver com esta "técnica de vendas" de que nem necessitava; contudo, parece-me interessante lembrar o quanto a nossa ignorância se deixa enganar por estas falsas luminárias que tanto nos deslumbram, particularmente se ostentarem assim um nome estrangeiro ou estrangeirado que baste... Que crédito teria um Guilherme em terras Lusas?!...

segunda-feira, julho 18, 2011

ALFREDO MONDERREI - "Aragem"

D.L.67


De Carlos Paniágua e de J. Maria dos Anjos, "Aragem", na interpretação de Alfredo Monderrei, acompanhado pelo Conjunto de Guitarras de António Luís Gomes

sábado, julho 16, 2011

segunda-feira, julho 11, 2011

ISAURA GONÇALVES - "Nostalgia do Fado"



Isaura Gonçalves, que em 1954 era já uma "promessa" no Fado, faz-se ouvir na "Parreirinha de Alfama", de cujo elenco faziam então parte a consagrada Berta Cardoso e o notável Júlio Vieitas. Aqui a lembro hoje, interpretando esta belíssima "Nostalgia do Fado", de António Mestre e de José M. Rodrigues, acompanhada à guitarra por A. Chainho e Fernando de Freitas e, à viola, por J. Mª Nóbrega e Raul Silva.

sábado, julho 09, 2011

O encanto misterioso de Al-fama e da Moura-ria


Ilust.
Dois bairros marcados pela Arte mourisca que perdura no Fado, na guitarra, na navalha e mesmo no tipo do Fadista tradicional...

domingo, julho 03, 2011

EMÍLIO DOS SANTOS - "Velha cantiga"




Um fado da autoria de F.B.Rodrigues e de M. Figueiredo, interpretado por Emílio dos Santos


"Quando a meu peito encostada / Seguro a minha guitarra / Faço tal qual a cigarra / Canto cantigas mais nada / O nosso fado que dizem ser fatalista / Nele tenho devoção, sou fadista / E canto com o coração "

sexta-feira, julho 01, 2011

VALENTINA FÉLIX - "A rua do meu fado"

"A rua do meu fado", de Lopes Victor e de Martinho d'Assunção, é o fado que escolhi para lembrar Valentina Félix, acompanhada por Francisco Carvalhinho e Jorge Fontes, à guitarra, e por Martinho d'Assunção, à viola.



quinta-feira, junho 30, 2011

ANTÓNIO PINTO BASTO - "Sorriso"







De J.Vasconcellos e Sá e de Franklin Godinho, este "Sorriso" na voz de António Pinto Basto, acompanhado pelo Conjunto de Guitarras de António L. Gomes

terça-feira, junho 28, 2011

ANABELA SILVA - "Atalhos proibidos"







À guitarra: José Nunes e Francisco Peres, à viola: Humberto Andrade, na viola-baixo: Raúl Silva, acompanham Anabela Silva que interpreta um fado de Artur Ribeiro e Miguel Ramos - "Atalhos proibidos".


Lá diz o povo que "quem se mete em atalhos, mete-se em trabalhos"; demais, proibidos... "Pode chegar ao fim e não ter nada!"

segunda-feira, junho 13, 2011

Eduardo Dôres - o sapateiro fadista



Ilust. 1930 (do filme "Lisboa", de Leitão de Barros)


Muitos outros fadistas houve que, de profissão, tinham esta arte; dum, particularmente, me lembro agora, Rei no Fado - Fernando Maurício, "O Rei sem coroa" como o intitulou Diogo Varela Silva no documentário que fez acerca da vida e obra desse enorme quão genuíno fadista.

segunda-feira, maio 30, 2011

A JÚLIA florista


O Dom. Ilust. 1925

Eis aqui a notícia da morte da "última fadista", a Júlia florista, grande aficionada e muito estimada no meio tauromáquico.
Vamos recordá-la com o fado que leva o seu nome, da autoria de Leonel Vilar e de Joaquim Pimentel, na interpretação de Maria José Villar.






quarta-feira, maio 25, 2011

"O Fado e as Toiradas em Portugal"





É esse o título dum curioso livro, editado em Portugal nos anos 60 (1968-1969?), com texto em português, francês, inglês e espanhol, da autoria de A. Martins Rodrigues e colaboradores, particularmente destinado "aos portugueses espalhados pelo mundo" que "não podem saber que as virtudes da raça se mantém ainda na religiosidade com que escuta o fado ou na intrepidez com que a juventude enfrenta toiros - os toiros que só se criam sob o sol bendito da Península".

Está claro que foi, entre outros, um documento da Propaganda, dirigido aos estrangeiros, tentando captar turistas aos quais se pretendia vender um país quente e luminoso com tradições únicas e inusitadas, que mantinham a sua genuinidade, embora fossem quase tão antigas como o mundo...

Pese embora o caracter comercial da obra e algumas imprecisões que contém, mais me parece importante sublinhar o mérito que a obra então terá tido de lembrar, a uns e dar a conhecer, a outros, algumas das muitas riquezas culturais que Portugal tinha para oferecer aos estrangeiros de fora e de dentro... Muito ilustrado (embora maioritariamente a preto e branco) como convém ao género, é de agradável consulta. Para além do Fado e da Tourada, não foram esquecidos, os Monumentos, Paisagens, o Folclore, o Artesanato e os Vinhos do Porto.

Aqui vos deixo as páginas que se referem à "Parreirinha de Alfama", sob a gerência de Argentina Santos, que sempre primou por ter um elenco de luxo, casa já então muito frequentada por estrangeiros, onde se comia e fadistava muito bem até de madrugada...

Ora escutem

Maria da Fé canta o "Fado de Alfama", uma letra de Torcato da Luz no Fado Nuno






Seguidamente, Natalino Duarte com "Maldição", de Fernando Farinha e H. Lourenço





Natércia da Conceição
e "É noite na Mouraria", de António Mestre e de José M. Rodrigues




"Ontem e hoje" é o fado, da autoria de Raul Dias e José Inácio, que Francisco Martinho interpreta




Agora, a pedido de várias famílias, Lina Mª Alves faz-se ouvir no seu conhecido "A mim jurou-me também", com letra do dono da casa, o Alberto Rodrigues, música de A. dos Santos





A fechar o programa, Argentina Santos brinda-nos com "A grandeza do Fado", de Clemente Pereira e Jaime Santos

sábado, maio 14, 2011

AMÁLIA RODRIGUES - Mª DE LOURDES MACHADO



Séc. Ilust. 1948



Inevitavelmente, à noite, jantar e fados, na Adega Machado. Cantou, por certo, a Mª de Lourdes Machado, sabe-se lá se algum destes fados
http://fadocravo.blogspot.com/search/label/M%C2%AA%20de%20Lourdes%20Machado









e, aposto, a sua (dela) comadre também teve que assistir... Talvez a "Menina Lisboa"






terça-feira, maio 10, 2011

PACO BANDEIRA - Sei e não sei



Por falar em Procissão...

"Olha à tua volta, com atenção, e o que é que vês, o que é que vai na Procissão?..."
Se quer saber a resposta, oiça o Paco, com atenção e, se gostar, pode ouvir mais no CanalCantiga, do Paco, no YouTube.
Parabéns!

sábado, abril 30, 2011

JOSÉ FREIRE - "Os Feiticeiros"



José Freire interpreta, no Mouraria, uma letra de Luís Durão



Homenagem a Luís Durão
Homem probo, amigo leal
Luís Durão pertenceu a um grupo mítico de fado lisboeta,
chamado “Os Feiticeiros”
, onde pontuavam João Ferreira Rosa,
João Braga, Ana Rosmaninho e muitos outros. Esses amigos,
trouxe-os ele ao Sardoal, várias vezes, para actuarem nas Festas
de Setembro do início dos anos 70 do século passado. Faleceu em
7 de Novembro último e a sua homenagem póstuma é aqui feita
por Nuno Roldão…
Conheci o Luís na infância, quando ele e os pais
vieram residir no Sardoal na Quinta de S. Bruno (vulgo
Quinta do Carapuço). Foi porém na juventude que a
nossa amizade se fortificou, sobretudo através do Álvaro
Bandeira. Tenho na memória “patuscadas” várias, quer
na quinta, quer noutros locais do Sardoal, feitas com
a rapaziada daquele tempo. Com ele travei conversas
múltiplas, próprias da juventude e da nossa imaturidade.
Com o seu vozeirão tonitruante, bem cedo revelou
ser pessoa muito directa, muito pão-pão, queijo-queijo,
o que nem sempre era bem entendido por terceiros, sobretudo
os adultos. Rosto sempre fechado, um pouco
truculento nos diálogos e até nas atitudes, por vezes
exaltado e brusco, mas nunca lhe vi guardar rancores.
Mais tarde, noutras conversas travadas com ele
e com outros do grupo, já em fase de maturidade, bem
entendi que como cidadão ele pensava que as verdades
não constituíam ofensa, ofensas eram as mentiras. Pensava
e agia desse modo frontal. Pessoa sem artifícios
de postura e de linguagem, inconformista, essa atitude
granjeou-lhe incompreensões, inimizades, ostracismos
e muita amargura.
Mas a verdade é que o Luís Durão era um homem
probo, de coração aberto, amigo leal, solidário
com os outros, embora nunca o aparentasse. Sabia ser
cordial, afável e simpático no trato. Era uma personagem
em conflito consigo próprio. Um dia, ali para os lados de
S. Pedro de Alcântara, em pleno PREC, encontrámo-nos
casualmente, numa manifestação política do PS. Ele tinha
construído uma bandeira com um pano vermelho,
aonde colara o símbolo do PS feito em papel. A bandeira
pregou-a a um pau de vassoura. Era como que uma
sua imagem de marca pessoal. Esta peripécia ficou-me
sempre na memória. Cedo porém, como aconteceu
com muitas pessoas esclarecidas, afastou-se das movimentações
político-partidárias e um dia revelou-me
ser um socialista-libertário, muito próximo do pensador
Bakunine, a quem imitava nas barbas na perfeição. Contei
um dia esse “flash” à mãe, D. Lurdes Durão, que me
disse: “O Nuno não ligue, o Luís é um sonhador, e pensa
que pode endireitar o mundo, o que ele queria era ver
toda a gente feliz”.
Talento na música
Pelo seu temperamento era um “revoltado”
contra o “establishement”. Algumas vezes comentou
comigo as desmedidas desigualdades sociais e a impossibilidade
de o cidadão comum ter voz. Era uma
personalidade em dia com o seu tempo, embora contra
o tempo. No Sardoal era conhecido sobremaneira
pelo seu talento inato na música e para as questões
culturais, que sabia avaliar com a sua formação de economista.
Foi um bom fadista amador e um guitarrista
virtuoso. Faz parte de uma geração de fadistas locais,
entre os quais incluo o meu irmão Ismael Roldão,
o Fernando Vale de Rio Grácio e outros do Sardoal e de
Lisboa, que ocasionalmente se lhes juntavam. Lamentavelmente,
nos últimos doze anos, talvez mais, devido
ao agravamento da sua doença, aliada a outras vicissitudes
da vida que não cabem neste texto, tornou-se
esquivo, fugindo das pessoas, criando uma “muralha”
à sua volta, caindo num quase total isolamento, por
certo tormentoso.
Em 7 de Novembro de 2009, chegou a sua
hora e, provavelmente face ao seu amargor, teria sido
para ele uma libertação, um fim para o seu sofrimento.
É mais um amigo dilecto que parte. Aqueles que,
mesmo de longe, nunca deixaram de o estimar, hão-de
lembrá-lo sempre pela sua espontaneidade, postura
sincera e bondade encapotada. Honraremos pois a sua
memória de homem bom. Sabemos todos que a amizade
genuína entre as pessoas não as liberta daqueles
que faleceram, sabemos também que ele “viverá” connosco.
Mais memórias da nossa memória.
Nuno Roldão
(Foto cedida por Ana Durão, através de Ismael Roldão)
in "O Sardoal", nº 61

sexta-feira, abril 01, 2011

segunda-feira, novembro 30, 2009

quarta-feira, novembro 25, 2009

sábado, novembro 14, 2009

ANTÓNIO CALVÁRIO - "Pop Fado"

VÍDEO DE HOMENAGEM

Lembrar António Calvário, uma referência da Canção Nacional, interpretando um original de César de Oliveira e de F. Carvalho, Pop Fado, com uma letra muito interessante que nos fala do novo fado, da época de então e também d'agora, que é democrata, que mudou de estilo, se ligou à arte abstracta, particularmente em concordata com tudo aquilo :) que se deixou da vadiagem, que é todo intelectualizado e quis portanto aprender a linguagem e a mensagem do pop fado, ah! ah! está-se bem, pois é, era :) ... Pop fadista, sem rei nem pop!... Popem lá, qu'é popelar!

Bom week-end!

quarta-feira, novembro 11, 2009

ADELINA FERNANDES - "Fado Anita"




Se alguém já fez tão bem... seria tonto não aproveitar o trabalho já feito.

Assim, com os meus renovados agradecimentos ao EradoGramophone, por mais este documento tão importante para a memória do Fado, que nos permite escutar esta notável actriz e cantadeira, vamos ouvi-la num dos seus êxitos, o "Fado Anita".

terça-feira, novembro 10, 2009

AMÁLIA NO PANTEÃO












Ainda está a tempo de visitar esta exposição "Amália no Mundo - O mundo de Amália"


Peças inéditas de Amália expostas
por JOÃO MOÇO 31 Julho 2009




Está patente no Panteão Nacional até 15 de Novembro a mostra 'Amália no Mundo - O Mundo de Amália', que destaca a carreira internacional da fadista
Ontem ao final da tarde um cantor espanhol cantava Amália no Panteão Nacional. A voz era de Juan Santamaria, acompanhado pelos músicos que durante anos estiveram ao lado da fadista: Joel Pina, Lelo Nogueira e Carlos Gonçalves. Mas antes já muitos tinham passado pela exposição que se inaugurou naquele espaço, Amália no Mundo - O Mundo de Amália. Esta mostra tem como um dos principais objectivos "promover e divulgar" a dimensão da carreira internacional da fadista. Isabel Melo, directora do Panteão, considera mesmo que "os portugueses não têm a noção da verdadeira dimensão que Amália teve no estrangeiro", disse ao DN.
Ao todo nesta exposição, que assinala os dez anos da morte da fadista, estão presentes entre 140 a 150 objectos relacionados com Amália Rodrigues, desde vestidos, sapatos, jóias ou luvas que usou em concertos, bem como programas dos espectáculos que deu no estrangeiro ou até cartazes desses concertos, nomeadamente um relativo a um concerto que ocorreu na Rússia em 1970.
O espólio que constitui a exposição é proveniente da Fundação Amália Rodrigues, do Museu do Teatro e de algumas colecções de privados. Segundo Isabel Melo, estes permitiram que a mostra revelasse "alguns objectos inéditos de Amália", como por exemplo o seu primeiro passaporte, de 1943, "quando ela foi pela primeira vez a Espanha, convidada pela Embaixada de Portugal", sublinhou.
A directora do Panteão Nacional enumerou ainda outros objectos em destaque, como "um quimono, todo bordado a fio de prata, que lhe foi oferecido da primeira vez que foi ao Japão, em 1970" ou "uma mala de viagem", que Isabel Melo julga ter sido a primeira da fadista.
A directora do Panteão Nacional reforça que "todas as peças têm uma história", sendo que a maior dificuldade em organizar esta exposição foi mesmo "seleccionar o que seria mais relevante". Isabel Melo contou que ao organizar esta mostra se deparou "com tanta informação importante" que teve alguma dificuldade no processo de selecção.
Além dos vários objectos pessoais e dos programas de espectáculos, que até 15 de Novembro se encontram no Panteão Nacional, nesta exposição está ainda integrado o documentário The Art of Amalia, de Bruno de Almeida, que conta com vários depoimentos da fadista. A mostra está ainda integrada num percurso "que inclui o Museu da Água e o Museu do Fado, durante o qual as pessoas visitam os três espaços, acompanhadas por um animador e assim ficam a conhecer melhor a história de Amália", referiu Isabel Melo.
No Panteão Nacional haverá ainda um serviço educativo que realizará visitas guiadas e ateliers dedicados às crianças, onde estas podem criar uma banda desenhada, aprendendo sobre quem foi Amália. Isabel Melo referiu que esta é uma das "missões" desta mostra, a de fazer que "Amália Rodrigues permaneça na memória das gerações vindouras".
A exposição estará patente até 15 de Novembro, sendo que para visitá-la apenas se paga "o ingresso de entrada no Panteão, que é de 2,5 euros".

sexta-feira, novembro 06, 2009

AMÉRICO - "À luz da candeia"

VÍDEO DE HOMENAGEM


Esta é a homenagem possível ao meu ciber amigo Américo que, na belíssima Gondarém - Vila Nova de Cerveira, canta o fado "à luz da candeia", nas noites fadistas do Kalunga...

De facto, o fado não é apenas canção de Lisboa, é Canção Nacional, que se canta e ouve onde quer que se encontre uma Alma Lusa!

O fado que escolhi para este vídeo é da autoria de Óscar Martins e é interpretado no Fado das Horas.

Aqui http://kalungablog.wordpress.com/americo-videos/ pode ouvir mais fados na voz e sentir deste fadista a quem daqui saúdo e envio um abraço todo fadista.

sábado, outubro 24, 2009

MARIA PEREIRA - "Fadista sou eu" e "Primeiro amor"



Veja também http://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/78471.html


A cançonetista Maria Pereira

Artigos de Opinião 2008-06-11 12:17
“As nossas belas ilhas possuem características diferentes mas, para mim, a ilha Verde tem a inconfundível paisagem das lagoas das Setes Cidades, o famoso Vale das Furnas e as típicas águas quentes, frias e mornas“. Dizia-me em 1969 a consagrada cançonetista Maria Pereira, que actuou por várias vezes nos Açores, assim como na Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Espanha e Bélgica. Maria Pereira, que durante anos actuou na rádio, não foi só uma portuguesa do Fado, como uma voz de Portugal. Que o digam os seus muitos adeptos, e muitos foram, no país ou no estrangeiro, e que certamente ainda têm discos da vasta discoteca que a cantora deixou. Tudo Maria Pereira cantou. Interpretou canções da nossa terra, transmitiu melodias e versos, tendo percorrido todos os caminhos do mundo português, pois em qualquer parte onde se falasse o nosso idioma, Maria Pereira era conhecida. A propósito, recordamos uma inesquecível passagem ocorrida na sua vida artística, na primeira vez que Maria Pereira se deslocou a Moçambique. Cantava no Teatro Moçâmedes e, quando actuava, um senhor de oitenta anos, entrou no palco interrompendo a actuação. Agarrou-se à artista, a chorar, e disse: ”Há trinta anos que saí de Lisboa, e não mais ouvi uma artista cantar”. A cançonetista havia interpretado um fado triste “menor”, fado esse que a mãe do ancião costumava cantar para o adormecer.
Fado canção e castiço Maria Pereira definia assim o fado : “O fado-canção é mais bonito. O fado-castiço é um grito de alma. A canção tem mais arte e outras características”. Maria Pereira, que na altura que a entrevistei já havia gravado mais de seiscentos discos, recordava que um dos seus maiores êxitos na altura havia sido “O meu Primeiro Amor “, que fez parte de um filme em que participara. Do seu vasto reportório fazia parte, entre outros, “Açores dos meus Amores”, que a cançonetista levava nas suas digressões, salientando que, quando cantava essa canção, o público entusiasticamente acompanhava-a. “Maria Pereira, Um Fado e Três Canções” e “Maria Pereira e o seu espectáculo” são dois filmes em que a cançonetista participou. Para aqueles que se lembram de Maria Pereira, deixámos aqui este breve apontamento de recordação. Para os mais novos e não só, reafirmo de novo que foi uma das grandes fadistas portuguesas.
(in http://www.acorianooriental.pt/ )
VÍDEO DE HOMENAGEM

quarta-feira, outubro 21, 2009

BERTA CARDOSO - 21.OUT.1911



Para lembrar Berta Cardoso no dia em que faria 98 anos, ofereço, a todos os que costumam passar por aqui, este inédito de João Linhares Barbosa, assinado e datado de 21.10.1952 e escrito "na hora", por certo, saudando a aniversariante e aproveitando as palavras de felicitações do "Sr. Doutor"... Era um inspirado poeta e repentista, este Linhares Barbosa! Deve ter sido bem divertida a comemoração do aniversário, na Parreirinha, onde na altura Berta Cardoso se encontrava a actuar...
Para saber mais acerca desta fadista, pode consultar http://www.bertacardoso.com/

sábado, outubro 17, 2009

NATÉRCIA DA CONCEIÇÃO - "Agora choro à vontade"

VÍDEO DE HOMENAGEM

É sempre com pesar que se sabe da partida dos que nos são caros... soube há pouco que Natércia da Conceição nos deixou, no passado dia 15, assim desaparecendo mais uma fadista da Escola do Fado Tradicional.

http://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/tag/nat%C3%A9rcia+da+concei%C3%A7%C3%A3o

Tendo nascido em Vila Fraca de Xira, a 20 de Julho de 1934, aos 12 anos vai viver para Lisboa onde contacta com o meio fadista, ingressando nas "fileiras do fado" em 1953, tendo sido Berta Cardoso a colocar-lhe o xaile. Embora tenha uma carreira de sucesso, em 1970 vai viver para os Estados Unidos onde, com a fadista Valentina Felix, abre a primeira casa de fados; também nesse ano, participa, como locutora, na primeira estação de rádio portuguesa que, por iniciativa de Alberto Costa, abriu em New Bedford e, em 1980, ambos dão vida a uma outra estação, o Rádio Clube Português, em Providence, onde também faz locução. Da sua bem sucedida carreira artística, destaca-se a sua actução na Casa Branca, onde cantou para o Presidente Clinton. Durante estes 39 anos, Natércia da Conceição divulgou o Fado e, com ele, a Cultura Portuguesa por terras do Tio Sam. Obrigada, Natércia!

Este fado de que muito gosto, também na sua interpretação, tem letra do Dr. Guilherme Pereira da Rosa e música de Eugénio Pepe.

terça-feira, outubro 13, 2009

BERTA CARDOSO na Eradogramophone









O Canal de eradogramophone brindou-nos agora com este belíssimo vídeo de dois êxitos de BERTA CARDOSO - "A Enganada", da autoria de Silva Tavares e de Armando Freire e "Último Pedido" ou "Volta", como ficou mais conhecido, de Raul Pinto e de Frederico de Brito, ambos registos fonográficos em 78rpm.


Em 1933, Berta Cardoso é primeira página d' "A Guitarra de Portugal", onde se anuncia uma tournée da gloriosa cantadeira por terras de África e se publica, precisamente, a letra do fado "Volta" e de outro seu enorme êxito "Não Voltes"


quinta-feira, outubro 08, 2009

VITOR DUARTE - "Bairros de Lisboa"

VÍDEO DE HOMENAGEM

Oriundo de uma família fadista, como poderia ser outro o seu Destino, que não o Fado? Vitor Duarte, filho, neto e sobrinho de fadistas de 1ª água, é por todos nós conhecido, não só como biógrafo de seu avô, Alfredo Duarte "Marceneiro", e ainda de Hermínia Silva, mas também como o responsável do blog http://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/, o que teve a ideia e tem vindo a lutar por colocar Lisboa no Guiness, como a cidade mais cantada do mundo. Mas Vitor Duarte também canta o fado, e, embora a sua vida profissional tenha "corrido ao lado", tem discos editados e canta, com certa regularidade, em casas de fado e vários espectáculos, ouvindo-se sempre com muito agrado, diga-se de passagem. Um dos fados que mais gosto de ouvir-lhe é este, com que o lembro e presto a merecida homenagem, um fado sobre Lisboa, com letra do notável poeta Carlos Conde e música do não menos insigne compositor Alfredo Duarte, "Bairros de Lisboa".

Para si, com um bjinho, Vitó

segunda-feira, outubro 05, 2009

VALÉRIA MENDEZ - "As mãos que trago"

Todos já terão ouvido falar de Valéria Mendez, fadista e amaliana dos quatro costados, desde 2003, editora do blogue http://www.fadista-valeria-mendez.weblog.com.pt/.
Creio, no entanto, que, dos muitos que a lêem, poucos a terão já ouvido cantar e que terão curiosidade e interesse em conhecer o seu "Fado da diferença"

















Valéria Mendez, profissionalizada como Artista de Variedades, desde 1983, gravou para a Rádio Triunfo e tem actuado nos mais diversos palcos do país e do estrangeiro. Da sua carreira artística, interrompida entre 1997/2002 e entre 2005/2009, destacam-se as grandes digressões pelo Médio Oriente e também pela Venezuela e Colômbia.
É de Cecília Meireles e de Alain Oulman a autoria deste fado, do repertório de Amália, aqui interpretado pela homenageada de hoje, Valéria Mendez

VÍDEO DE HOMENAGEM